Ela estava na pausa do trabalho, mexendo no celular pela enésima vez, mesmo sabendo que não havia nada de novo para ver. Tenho que parar com esse vício, ela pensou. Mas a vida é tão vazia, às vezes, que acabava recorrendo às redes sociais para preencher esse vazio.
Uma piada, uma charge, uma música, até mesmo uma reclamação sobre a política do país a ajudavam a se distrair dos próprios problemas. E, mais uma vez, ela era arrastada de volta à rotina. Tarefa após tarefa; tudo feito automaticamente, o pensamento fixo na ideia de que não podia esperar para sair do trabalho e... fazer nada.
O dia começa de novo, mesma rotina, mesmas distrações. Um convite inesperado surge. Vamos para um barzinho com o pessoal no fim do expediente, quer vir também? Era aquela mulher do RH cujo nome ela nunca lembrava, mas que sempre a cumprimentava ao passar. Que mal pode ter?, pensou. E aceitou.
Chegando ao barzinho, todos pediram uma bebida, inclusive ela; um vinho, precisava de algo forte, pois a semana havia sido estressante. Sua mão começou a procurar pelo celular, pois não lhe ocorria nenhum assunto para iniciar uma conversa, mas parou. Estou em uma reunião social, não preciso do celular para criar uma bolha de isolamento.
Ao levantar o olhar, percebeu que todos os rostos de seus colegas estavam com uma luz azulada. Todos grudados no celular. Suas vidas sendo deixadas de lado através daquela tela minúscula e dos movimentos frenéticos dos dedos das mãos. Bom saber que não sou a única.
Nathaly M.
06/12/2015
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