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segunda-feira, 26 de abril de 2021

How much

Walking around the avenue, she wonders:
What did I do? Where did it go wrong?
Did I smile too much? Did I talk too much? Did I expect too much from him? Didn't I give enough of myself?
Should I shut up, be indifferent, be different, not be me anymore, a perfect sketch of a woman?
How many lines can I write before he gets bored and starts ignoring me?
How much more until he gives me crumbs of what I actually deserve?
How much more
until i respect me
as a
woman
again?

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Puta.


"Sou puta
Quando uso a boca vermelha
Meu salto agulha
E meu vestido preto.
Sou puta
Mordo no final do beijo
Não fico reprimindo desejo
E nem me escondo na aparência de menina.
Sou uma puta de primeira
Acordo às 6:30
Pego ônibus debaixo de chuva
Não dependo de salário de macho
E compro a pílula no final do mês.
Sou uma puta com P maiúsculo
Dispenso o compromisso
Opto pela independência
Não morro de amor
Acordo sozinha
Cresço sozinha
Vivo na minha
Bebo em um bar de esquina
Vomito no chão da cozinha.
Sou uma putinha
Passo a noite em seus braços
Mas não me prendo no laço
Que você quer me prender.
Sou puta
Você tem o meu corpo
Porque eu quis te dar
E quando essa noite acabar
Eu não vou te pertencer
E se de mim você falar
Eu não vou me importar
Porque um homem que não me faz gozar
Nunca terá meu endereço.
E não é gozo de buceta
É gozo de alma
É gozo de vida
É me fazer sentir amada
Valorizada
E merecida
E se de puta você me chamar
Eu vou agradecer.
Porque a puta aqui foi criada
Por uma puta brasileira
Que ralava pra sustentar os filhos
E sofria de racismo na feira
Foi espancada e desmerecida
E mesmo sofrida
Sorria o dia inteiro
Uma puta mulher ela foi
E puta também eu quero ser.
Porque ser mulher independente
Resolvida
Segura
Divertida
Colorida
E verdadeira
Assusta os homens
E os machos
Faz acontecer um alvoroço.
Onde já se viu mulher com voz?
Tem que ser prendada e educada
E se por acaso for "amada"
Tem direito de ser morta pelo parceiro
Cachorra adestrada pelo povo brasileiro
Sai pelada na revista
Excita
Dança
Bate uma
Cai de boca
Mama ele e os amigos
E depois vai ser encontrada num bueiro
Num beco
Estuprada
Porque tava de batom vermelho
Tava pedindo
Foi merecido
E se foi crime "passional"
Pobre do rapaz
Apaixonado estragou a própria vida.
Por isso que eu sou puta
Porque sou forte
Sou guerreira
Não sou reprimida
Nem calada
Sou feminista
Sou revoltada
Indignada
E sou rotulada assim
Como PUTA!
Então que eu seja puta
E não menos do que isso."

-Helena Ferreira

Achei aqui.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Réquiem no Abismo

Imagem: DeviantArt
         

                           Para todos nós
                                               que fadados
                           destinos
                                                 possuímos



                           Que esperamos
                                                 moribundos
                          estagnados
                                                 perdidos



                          Uma sombra sós
                                           atadas a nós
                         dor e cor                      

                                         sabor e torpor.



Franklin Kryosh

domingo, 19 de janeiro de 2014

Exausto


 
Imagem d'aqui


                                 Eu quero uma licença de dormir,
                                                 perdão pra descansar horas a fio,
                                                           sem ao menos sonhar
                                                a leve palha de um pequeno sonho.
                                                       Quero o que antes da vida
                                                  foi o profundo sono das espécies,
                                                           a graça de um estado.
                                                                      Semente.
                                                            Muito mais que raízes.

                                                                                                                                           Adélia Prado

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Apresentando: Adélia Prado

Com licença poética
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adélia Prado