sábado, 12 de fevereiro de 2011

Lacuna

O despertador tocou, ela se levantou da cama apressada, estava prestes a começar um dia daqueles. No banheiro, dezenas de cremes (anti-rugas, anti-celulite, adstringentes, etc), maquiagem e perfumes importados. Após uma ducha fria para despertar, iniciou sua rotina de tratamentos (pele, cabelo e rosto). Estava pronta, tomou seu café e partiu para enfrentar a reunião com os sócios da empresa.
Ser presidente de uma rede imobiliária não é fácil, principalmente quando acaba de herdá-la do pai. Tudo precisava dar certo, os acionistas precisavam reconhecê-la como uma empresária bem preparada, não como a filha mimada do ex-presidente. Sem perder a calma, Samanta expôs todos os seus projetos para o futuro do empreendimento. Os acionistas aplaudiram de pé, boquiabertos, afinal os anos que ela passara no internato em Paris valeram a pena.
Chegar em casa e tirar seu scarpin foi, simplesmente, apoteótico. A vista da praia nunca fora tão reconfortante. Em companhia de um bom vinho e de um exemplar de Madame Bovary, Samanta recostou-se no sofá e pensou: "Empresária de sucesso, milionária, conhecedora de vinhos e de livros, porém um completo fracasso no amor. Nunca se é plenamente feliz".


Nathy M.

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