terça-feira, 4 de março de 2014

At the gym

      - Eu tenho mesmo que ir? Pensei. Não, não pensei, apenas reclamei para mim mesma. Sabia muito bem que o ortopedista recomendara que eu fizesse musculação. De outra forma - mais cedo ou mais tarde - teria de fazer uma cirurgia na patela.
      Vamos aos fatos: 4 anos atrás, luxei a patela; fiz fisioterapia, mas continuei a sentir pontadas no ligamento entre o osso e o músculo. Dois anos depois do incidente, procurei o ortopedista que me indicou o motivo de minhas reclamações.
         Enfim, adiei por muito tempo, mas (traiçoeiro como tal) o tempo não me deixou escapar. Matriculei-me. Estava indo tudo muito bem - sempre está, nãe é? - até que os estereótipos tomaram conta do lugar.
      Aonde paramos mesmo? Sim! Eu reclamava para mim mesma sobre o fato de ir à academia. Nunca vi coisa tão maçante e mecânica! Sempre a mesma série de exercícios, mesma música, ninguém fala com ninguém. O máximo de interação que se obtém é olhar o outro através do espelho e disfarçar, claro! Porque, se não fingir que não estava olhando, não era interesse de um dos dois. Realmente.
        É justamente em uma dessas "interações" que fixo meu pequeno depoimento frustrado. Mulheres não têm privacidade, ou melhor não são respeitadas em academias! Estava eu, fazendo meus abdominais, quando olho para o espelho e vejo um homem me encarando. Até aí, normal (normal não, comum), acontece uma vez ou outra; mas, como eu já disse, eles disfarçam.

http://vishstudio.deviantart.com/art/Gym-buddy-131570379
        O problema é que esta criatura em questão não estava informada dos clichês/etiquetas da academia, se é que se pode chamá-los assim.
      Ele simplesmente não tirava os olhos! Eu parei, obviamente incomodada, de fazer o exercício e esperei que a pessoa caísse na real. Não aconteceu. Ele e seu boné, ridiculamente, azul, camisa de time e short de tecido foram para um aparelho atrás do meu. Eu continuei os abdominais (um... dois...) e, quando cheguei ao terceiro e olhei para o espelho, vi o dito cujo me olhando, me encarando como um porco (não adianta usar eufemismos, era o que ele parecia no momento) no cio, prestes a espumar pela boca.
       Parei novamente. Fiquei assim por uns 5 a 10 minutos até que ele saiu. Terminei minha série o mais rápido possível - antes que ele voltasse. Se eu poderia ter ido fazer outro exercício? Não, era o último que faltava para eu ir embora.
       Se eu poderia ter feito outro exercício longe daquela pessoa enquanto o aguardava sair? Poderia. Mas eu não pago uma mensalidade na academia para ter que me esconder na área do alongamento só porque um idiota (sim, idiota!) vai para lá com a finalidade de - usando o pior dos eufemismos - admirar as meninas/mulheres com as roupas justas na academia.
     Eu pago mensalidade para poder fazer meus exercícios com calme e sem me sentir violentamente despida e incomodada pelo olhar de um homem que, obviamente, não tem mais o que fazer!
Nathaly M.
23 de Fevereiro de 2014.

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